segunda-feira, 9 de maio de 2011



Quero dizer uma coisa. Que nunca será apenas isso. Uma apenas.
Serão muitas outras numa só e desdobrar-se-ão até eu não me conseguir organizar e superar a rapidez da minha língua e o absoluto controlo que a minha mente exerce sobre tudo o que faço.
Se eu te disser que conheço os meus perigos tu vais-te rir e depois eu também.
Os risos abafaram a crua verdade e em casa vou ficar a olhar para as paredes e pensar-me.
A pensar no mundo, a pensar-me nas pessoas, e nas pessoas a tentarem entrar na minha casa.
As pessoas a quererem saber se estou bem.
Eu digo que sim, sorrio e fecho a porta de novo.
Sento-me outra vez e cruzo os braços.
A única coisa que se mantém incorruptível, será apenas o percurso e o hábito com que me entretenho a viver.
Ningúem sabe dizer ao certo. Nem mesmo eu.
De resto, tudo o que me compõe e foi construído tendo a corrupção como exercício de construção.
E não mais iria exercitá-lo mas sim, todo o seu inverso.
Ainda que já se tenha assumido toda a insanidade vezes sem conta não terá tido o efeito desejado.
Pois foi para inventar a convicção de que sim, somos loucos e isso é o mesmo que assinar um documento que nos credencia toda a sanidade quando se pretendem desculpas para falhar e não haver consequências.
E já trago o cansaço de décadas multiplicadas de amostras de vidas.
Adormeço à espera que o dia recomece para se reger dentro de uma liberdade cheia de leis, mas num mundo virado do avesso.

1 comentário:

  1. Deixa-te corromper...deixa-te corromper de vez em quando...deixa-te corromper de vez em quando por aqueles que te sentem e te "vêem"...deixa-te corromper de vez em quando, vai-te fazer sentir bem...

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