sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014


Fiquei a ver-te. 
Descansado. Perdido nas horas que passam sempre depressa. 
Afaguei-te o cabelo. Perdi-me nas sombras que te marcavam o rosto a cada vez que mudavas de posição. 
Descobri-te uma pequena mancha nas costas. Apaixonei-me outra vez. Fiquei, vagarosamente, a olhar para ela. Depois descobri-te um pequeno sinal,quase imperceptível, no teu rosto. Como é que nunca o tinha visto antes? Voltei a apaixonar-me. 
Perdi-me uma imensidão de tempo, que são sempre minutos apressados.
Decorei-te o desenho dos lábios. São perfeitos,foram, por certo, desenhados à mão. 
Enquanto tinha a mão aberta sobre o teu peito, e te sentia o pulsar do coração na palma da mão, reparei, acho que pela primeira vez, na tua maçã de Adão. 
Fiquei outros tantos minutos vagarosos, dos que passam a correr, a olhar para ela. Para ti. E ali estavas tu. Sem roupas. Sem máscaras. Sem nada que disfarçasse o que és ou do que és feito. 
Tu. Simplesmente tu. 
Desprotegido mas sem um rasgo de fragilidade. 
A nu com a luz que se agitava no quarto, a cada vez que mudavas de posição. 

E voltei a apaixonar-me.

E todos os dias, volto a apaixonar-me.



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